Várias toneladas de pedra estão a ser descarregadas na praia da Foz do Arelho onde a força das correntes obrigou à construção de dois esporões para protecção do emissário submarino e a Avenida do Mar, mas a população manifestou-se e quer os técnicos do Instituto da Água (INAG) compareçam no local para lhes pedirem satisfações. Do lado da população esteve Paiva de Carvalho, governador civil de Leiria, que assumiu que irá pedir ao Ministério do Ambiente para antecipar as dragagens. “Na próxima reunião passarei essa mensagem. Eu não gosto de imposições, mas o que terá de ser dito, terá de ter muita força. É uma pena o interesse ambiental estar-se a estragar. Não há o direito disso acontecer. Temos a obrigação de resolver. Eles demoram tempo demais para aquilo que nós gostaríamos. Os técnicos deveriam estar mais vezes no terreno e decidir como aconteceu neste caso da colocação de sacos com areia e reforçar com a colocação de pedra. Vou transmitir ao Ministério para que a decisão antecipada para Abril ou Maio, para dragar, seja ainda mais antecipada”, declarou. O representante do governo no distrito salienta que a melhor solução “seria a reposição da embocadura mais central da Lagoa e é esse o desejo que sinto. O mais depressa possível, seria já, mas não será, uma vez que estamos a fazer esta intervenção”, explica. Também o presidente das Águas do Oeste quer uma dragagem na Lagoa por forma a recolocar o canal de ligação ao mar. “A solução poderia ser outra se fosse realizada uma dragagem e a reposição da embocadura mais a sul. Eu não sou técnico mas eventualmente teria sido melhor essa actuação”, disse. Arnaldo Pego falava durante a intervenção de emergência com a colocação dos sacos, que teve de ser alterada uma vez que a maré pôs a descoberto parte do emissário. “Tivemos de criar os meios para que rapidamente se colocassem os sacos e dois esporões para aliviarem a pressão da margem norte”, explicou. Arnaldo Pego explicou que a construção dos esporões “não teve nenhum estudo” e que os mesmos foram construídos pela “experiência dos técnicos do LNEC” que estão a acompanhar os trabalhos. Para Fernando Horta, presidente da Junta de Freguesia da Foz do Arelho “o mar avançou, o risco de quebra é iminente e as obras de colocação de sacos de areia e a construção de dois pontões vêm proteger a margem e o emissário”. “As obras necessárias não são estas”, assume o presidente da Junta, que reclama “uma dragagem que recoloque a embocadura ao centro da Lagoa, uma vez que estas obras não dão garantias de segurança, nem garante a prática balneária da praia no Verão”. Fernando Horta admite que “não há alternativa se não aceitar esta solução porque se nada for feito o emissário quebra. Agora o que queremos é que estas obras de colocação de sacos sejam provisórias e que sejam retirados e que voltem as boas condições à praia. Nós queremos uma dragagem com a reposição da aberta mais a sul”, declara. O presidente da Junta frisa ainda que “teve de ser a Águas do Oeste a substituir-se ao INAG e actuar, ao contrário daquilo que foi garantido pelo INAG”, disse. Ver os técnicos do INAG na Foz do Arelho por estes dias tem sido um dos maiores desejos da população da Foz do Arelho, uma vez que pretende que este organismo que tutela a Lagoa de Óbidos assuma as responsabilidades da situação ter posto o emissário a descoberto e não ter acautelado nenhum dos avisos anteriores. Em sinal de luto a população da Foz do Arelho plantou cerca de uma centena de bandeiras negras no areal da Foz do Arelho. “Exigimos uma draga na Lagoa o mais rápido possível. Enquanto não estiver aqui nós não vamos parar. As obras podem continuar para defender a margem norte, mas a draga tem de vir já”, afirmam os pescadores e populares. Em declarações à agência Lusa, o presidente do INAG considera que as manifestações são “completamente indiferentes para as decisões do LNEC ou do INAG” e sublinha que não actua “a pedido, mas apenas com base em avaliações técnico-científicas”. Carlos Barroso