Cerca de uma centena de pessoas assistiram, no passado dia 3, à montagem e inauguração da escultura cerâmica, fálica monumental, com mais de dois metros, no empreendimento turístico Casal da Eira Branca, na aldeia rural de Infantes, nas Caldas da Rainha. A escultura vai ficar exposta no Casal da Eira Branca e o proprietário, Jacinto Gameiro, conta que é uma peça amovível que pode ser colocada nos mais variados sítios, desde que seja solicitada, havendo já uma perspetiva de ir para Lisboa. Os ceramistas caldenses Carlos Enxuto, Eduardo Pereira, Mário Reis, Paulo Óscar e Vítor Reis foram os autores da escultura. Cada um ficou encarregue de elaborar uma parte da peça sem ter conhecimento do trabalho dos restantes colegas. A ideia do projeto partiu de Jacinto Gameiro, que convidou os artistas para construírem um falo caldense em homenagem à tradição das Caldas da Rainha. A peça contém a técnica e arte de cada um dos artistas e é composta por vários materiais, desde a cerâmica, ao ferro e ao azulejo. “A escultura tem uma componente de modernidade e tradição e não é chocante”, disse o responsável do empreendimento de turismo rural, acrescentando que pretendeu com o projeto “mostrar como é possível abordar esta tradição da loiça das Caldas com elevação e arte”. Jacinto Gameiro vai lançar um catálogo em português e inglês sobre a construção da escultura com imagens do fotógrafo António Leal, que fez a recolha de fotografias da criação da peça nos diferentes ateliês. “O objetivo do catálogo, que tem um texto de Herculano Elias e de Teresa Perdigão, é enquadrar a peça no espaço para os turistas que nos visitem saberem o que é aquela obra”, explicou. O projeto contou com o apoio da Confraria do Príapo, que aproveitou esta cerimónia, intitulada o “Falo na Eira”, para entregar os prémios das melhores ideias para a identidade visual desta associação. Os vencedores do concurso foram Pedro Regadas, que é o autor do melhor logótipo, e o ceramista Paulo Óscar, autor do troféu. Natural de S. João da Madeira, Pedro Regadas, de 34 anos, é licenciado em Design Industrial pela Universidade Lusíada, do Porto. A proposta que apresentou foi considerada pelo júri do concurso como a que melhor satisfez os critérios de eficácia de comunicação, originalidade, execução técnica e viabilidade de execução, resultando num símbolo gráfico simultaneamente forte, moderno e com uma clara referência visual ao falo das Caldas, de uma forma elegante e estilizada. O artista soube do concurso através da Internet. “No início não me cativou porque é difícil fazer um logótipo para uma Confraria do Príapo, mas depois surgiu esta ideia e tentei criar uma imagem que não chocasse as pessoas”, disse o designer, acrescentando que olhando para o logótipo ninguém faz a associação ao falo das Caldas mas depois de saber o que é, as pessoas identificam logo”. Pedro Regadas deu uma só uma cor ao logótipo como forma de poupar dinheiro na impressão. “Foi engraçado porque através do JORNAL DAS CALDAS o Jornal de S. João da Madeira soube do prémio e convidaram-me para dar uma entrevista”, contou Pedro Regadas. O designer gráfico, que trabalha em Oliveira de Azeméis, numa empresa de panelas, costuma participar em diversos concursos como forma de “escape do trabalho diário”. Paulo Óscar, ceramista ligado ao Cencal desde 2002, venceu na categoria Troféu. “Falo sempre em Pé”, assim se chama o protótipo apresentado por este artista, feito em material cerâmico. “Decidi participar no concurso para quebrar o estigma que ainda existe em relação ao falo e achei que podia dar uma visão mais simplificada sem ser propriamente os falos tradicionais das Caldas, onde está tudo presente”, explicou Paulo Óscar que utilizando a sua criatividade para criar o troféu lembrou-se “daqueles brinquedos que ao serem lançados, aterram sempre em pé”. Os dois vencedores receberão cabazes criativos. Durante a iniciativa foi prestada homenagem ao ceramista caldense Armindo Reis (recentemente falecido), que foi representado pela sua filha. Herculano Elias fez a honra de proferir umas palavras sobre o ceramista destacando a perfeição com que realizava as peças de olaria e a forma simples com que sempre esteve quer na produção quer na comercialização das suas peças, “autênticas maravilhas”. A vereadora Maria da Conceição Pereira referiu que Armindo Reis foi “um dos que muito contribuiu para a história da nossa cerâmica”. Nesta cerimónia a Confraria do Príapo entregou o troféu Falo-sempre-em-pé 2011/2012 aos ceramistas Vítor Lopes Henriques e Umbelina Barros. Edgar Ximenes, presidente da Direção da Confraria do Príapo, fez um balanço positivo da cerimónia, por terem conseguido concretizar um sonho. “Provámos que é possível trabalhar este tema, abordar a questão das malandrices das caldas de uma forma que pode chegar a todos os tipos de públicos, mesmo às camadas mais sofisticadas pela via da arte e da elegância sem desprezar a tradição os artesãos que continuam a manter a tradição antiga”, declarou. Com os olhos postos no futuro, o presidente da Confraria do Príapo revelou que têm a versão mais pequena do troféu, o “Falo sempre em Pé” em porcelana não vidrada que está a ser comercializada. Vão agora trabalhar num design inovador para a embalagem da peça. Edgar Ximenes revelou que a próxima iniciativa da Confraria do Príapo será o lançamento de uma edição sobre a história do falo das Caldas. Referiu ainda que estão a tratar do registo da marca das malandrices tradicionais. Marlene Sousa