A concessão Litoral Oeste, que vai assegurar a construção, manutenção e conservação de 109 quilómetros de estradas no centro do país, num investimento de 622 milhões de euros, irá acarretar encargos até 2030 no valor de 51,3 milhões de euros por ano. O cálculo é feito pela Inspecção-Geral de Finanças, no âmbito de uma auditoria de controlo da despesa pública às obras da Estradas de Portugal. Os encargos líquidos para o Estado serão no total de 1026,2 milhões de euros. Adjudicadas à AELO – Auto-Estradas do Litoral Oeste, SA, as novas estradas vão abranger uma população residente de 400 mil habitantes, distribuídos por nove concelhos, que verão os seus tempos de percurso significativamente reduzidos. As obras incluem diversos troços, como o IC2 – Variante da Batalha, o IC36 – Leiria Sul/Leiria Nascente e o mais importante e maior, o IC9, entre Nazaré, Ourém e Tomar, sem pagamento de portagem, ao longo de 53 quilómetros. A concessão vai constituir um forte impulso para o incremento de uma rota turística de excelência, permitindo ligar em rede vários itinerários turísticos, onde se incluem ex-libris como os Castelos de Leiria e de Porto de Mós e monumentos Património Mundial, como os Mosteiros de Alcobaça e da Batalha – distinguidos com o título de 7 Maravilhas de Portugal – e o Convento de Cristo, em Tomar, bem como a praia da Nazaré e o Santuário de Fátima. Pretende-se promover uma ligação de qualidade do interior ao litoral da região Oeste, estimando-se uma diminuição de 38% no tempo médio de percurso entre Nazaré e Tomar. Quanto à sinistralidade, existe uma estimativa de redução de 46% na taxa de vítimas mortais e feridos graves. O IC9, que se prevê possa abrir a 15 de Novembro deste ano, é considerado pelo presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços da Nazaré, António Hilário, como “um expoente para o turismo e o comércio”. “Virá mais gente porque os acessos serão mais fáceis”, sublinhou, manifestando que a obra “vai causar impacto e dar melhores condições à actividade económica”. Jorge Barroso, presidente da Câmara Municipal da Nazaré, apontou que “era uma obra ansiada, a concretização de um sonho, que traz um choque de modernização à Nazaré. É importante prepararmo-nos para retirar o melhor proveito e aproveitar as possibilidades abertas”. Segundo fez notar, “quando todas as estradas que o Governo lançou estiverem abertas ao tráfego, a Nazaré ficará ligada transversalmente até Espanha, através dos grandes centros históricos, além de que ficará liberta de todo o tráfego indesejado do centro da vila”. Para o autarca, “a melhoria das acessibilidades é uma peça de um puzzle que ficará completo com o golfe, a marina e os recifes”. Depoimentos sobre o IC9 Carolina Martins, 37 anos, escriturária, Alcobaça “Deve ser importante para melhorar a circulação, retirando de Alcobaça o tráfego de camiões. Vai ser benéfico para o comércio e para a indústria, com melhores acessos” Filipe Sentieiro, 65 anos, reformado, Alcobaça “Esta obra já vem atrasada. Devia ter sido feita há mais de 20 anos. A região vai ser beneficiada com mais movimento. É bom para a economia e para o turismo” Ascensão Pereira, 68 anos, reformada, Alcobaça “O barulho durante a obra vai continuar quando estiver concluída. Nunca mais vamos ter o sossego que tínhamos. Espero que coloquem barreiras sonoras” Paulo Mendonça, 55 anos, reformado, Alcobaça “Penso que havia outras obras mais importantes a fazer, como circuitos pedonais. Acho que se gastou muito dinheiro e não acho que as vantagens compensem” Francisco Gomes (texto) Carlos Barroso (fotos)