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Falo das Caldas em exposição em Aveiro

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Um falo das Caldas com 2,47 metros e percebes em cerâmica construídos por Umbelina Barros no âmbito da defesa do seu mestrado em Artes Plásticas na Escola Superior de Arte e Design (ESAD) das Caldas da Rainha, vai estar exposta a partir de Outubro na Bienal de Cerâmica de Aveiro. A peça, concebida em grês […]
Falo das Caldas em exposição em Aveiro

Um falo das Caldas com 2,47 metros e percebes em cerâmica construídos por Umbelina Barros no âmbito da defesa do seu mestrado em Artes Plásticas na Escola Superior de Arte e Design (ESAD) das Caldas da Rainha, vai estar exposta a partir de Outubro na Bienal de Cerâmica de Aveiro. A peça, concebida em grês chamotado, vidrados tradicionais “caldenses”, verde Caldas, amarelo mel, castanho manganês, entre outros, na técnica de escorridos, ficou concluída após várias experiências, entre modelação, secagem, enforna e vidragem, ao longo de cerca de três meses. A tese foi defendida no Céu de Vidro e teve nota final de 15 valores. “Decidi correr o “risco” de pegar num objecto tradicional e retomá-lo numa linguagem contemporânea, assumindo uma combinação de diversos elementos”, relata. Nascem assim “A Garrafa, os Percebes e a Imagem”. A ‘Imagem’, neste caso, é uma fotografia de Umbelina Barros com um falo caldense mais pequeno. A convite da autarquia de Aveiro, Umbelina Barros expõe “A Garrafa” na antiga praça do peixe no centro da cidade. Quanto aos “Percebes”, vão estar no museu de Aveiro após a artesã ter concorrido à Bienal. Só a “Imagem” é que não é levada para exposição. “A combinação de saberes adquiridos ao longo do meu percurso de formação, enquanto formanda e artífice no ofício da cerâmica, e a minha passagem pela ESAD, onde a abertura a novos conceitos e formas foi fundamental, levaram a este resultado: uma obra simbólica, discreta, passível de múltiplas leituras, repleta de metáforas e prenhe de virilidade”, relata. “Sofri a influência de, entre outros, dois grandes mestres da arte e do ofício do uso da cerâmica. Falo do Mestre Ferreira da Silva e do Mestre Herculano Elias. A convivência com o Mestre Ferreira da Silva foi marcante para a minha formação artística. Dele aprendi a ousadia, a paixão pela obra cerâmica, e, sobretudo, aprendi a sonhar e a perder o medo de arriscar, acreditando que “quando o Homem sonha a obra nasce”. Pela mão do Mestre Herculano Elias vi e aprendi o recurso aos escorridos, essa técnica de sobreposição de vidados duros e macios, passada de geração em geração, que me foi transmitida. Também com ele aprendi a calma, a consciência da importância do controlo meticuloso e do cálculo da margem de erro na aplicação da camada de vidrado na espessura certa, a capacidade de observação do que pode resultar de um balde de vidrado”, descreve. Umbelina Barros iniciou o seu percurso académico na ESAD com a réplica de um morim (bilha para beber água) de 22cm de altura, da exposição de finalistas de 2005. Prosseguiu da licenciatura para o mestrado directamente. “Decorridos 5 anos, explorei muitas outras técnicas e materiais, contudo, nunca abandonei por completo a nobre matéria-prima que é a argila”, refere. “A Garrafa, os Percebes e a Imagem” surgiram da envolvência que a cidade, na qual tenho raízes, me dá. Decidi tirar debaixo da banca da praça (da fruta) a garrafa de que a medo todos falam, de que alguns até se envergonham e de que muitos se orgulham, como referência e símbolo da cidade”, conta. “Não ergui a peça como afronta para ninguém, mas como demonstração cerâmica, do pão-nosso de cada dia, na casa de muitas famílias, que ao longo de anos sobreviveram a elaborar este elemento vernáculo”, esclarece. Pegando neste elemento tradicional – o falo – ou seja a garrafa, utilizando e mantendo o material de “origem”, a argila, neste caso uma pasta refractária, e estilizando os elementos da composição, tentando não perder o sentido, complementou-a com cor, que não sendo a habitual nas peças vernáculas de série, é, contudo, uma cor obtida através de uma técnica tradicional da olaria – os escorridos. Foram aplicados os vidrados da “terra” (regionais) como o conhecido verde Caldas, das muito famosas couves e lagartos do Mestre Rafael Bordalo Pinheiro. A pesquisa, a procura da pasta mais adequada ao porte, às dimensões e simultaneamente compatível com a aplicação de uma técnica centenária de decoração escolhida, os escorridos, envolveu diversos estudos e testes, de forma a possibilitar uma harmonia entre pasta e vidrados. Os escorridos tradicionalmente são aplicados sobre barro vermelho e posteriormente sobre faiança – pastas de temperatura e porosidade diferentes da que escolheu – mas as dimensões da garrafa, as características da mesma e a versatilidade necessária para que possa ser instalada também no exterior, levaram-na na optar por esta pasta que a torna mais resistente às intempéries. Na mesma linha de raciocínio nascem os percebes, inspirados nos crustáceos do mesmo nome, presentes na orla costeira e muito apreciados na região. “Com eles evoco um jogo visual, ligando o crustáceo ao falo. Que quero eu dizer com a minha obra? E que procuro eu? Falar da tradição através da garrafa, numa “rebuscada”, depuração, nesta escultura vernácula caldense, numa forma, dimensão e demonstração da capacidade e da força dos dias de hoje – a contemporaneidade. Tenho plena consciência de que é uma forma cristalizada”, manifesta Umbelina Barros, de 37 anos, residente nas Caldas da Rainha e com espaço oficinal nas Águas Santas. Francisco Gomes

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