O vereador Manuel Isaac, do CDS/PP questionou a Câmara das Caldas quanto aos critérios para a atribuição das pulseiras que dão acesso à “Zona VIP” da Festa Branca na Foz do Arelho. O autarca referiu que a Zona VIP “divide os munícipes entre caldenses de primeira e caldenses de segunda, e, por isso, não devia existir”. “Mas, a optar-se pela sua continuação, o acesso a esta zona tem que se reger por critérios transparentes, justos e não ser o sr. vereador Hugo Oliveira a distribuir pulseiras de forma discricionária”. Manuel Isaac deu como exemplo o facto de ter recebido quatro pulseiras – tendo-lhe sido entregues posteriormente mais quatro e aos presidentes de Junta cinco. “Às associações não foram entregues este ano nenhumas e pessoas sem qualquer relação com esta festa, com a Câmara, com patrocinadores ou com a organização, receberam oito, dez ou mais pulseiras”, denunciou. O vereador solicitou a Hugo Oliveira, responsável pela organização desta festa, que lhe indicasse por escrito o número de pulseiras feitas, a quem foram distribuídas e segundo que critérios, quais os patrocinadores da festa e o valor de cada patrocínio, para que se possa aferir se existem ou não critérios justos no acesso à zona VIP O presidente da Câmara comentou que “tendo o Pelouro da Juventude atribuído oito convites ao vereador Manuel Isaac, parece que é razoável e suficiente”. Fernando Costa lamentou que “o sr. vereador tenha exigido mais convites para distribuir à Juventude Popular, como afirmou”. “Ainda há pouco tempo o sr. vereador Manuel Isaac acusou o presidente de utilizar os meios da Câmara para fins partidários. Não tem moral para criticar o vereador Hugo Oliveira, na medida em que quem está a partidarizar é o vereador Manuel Isaac ao exigir mais convites para distribuir à Juventude Popular”, disse. Hugo Oliveira respondeu que o “sr. vereador Manuel Isaac em 2007 e 2008, enquanto fervoroso apoiante da Festa Branca, solicitou nos referidos anos pulseiras para acesso da zona de convidados. Em 2009 manifestou-se contra a mesma e na realidade não existiu zona de convidados no referido ano. Em 2010, já como vereador deste Município, recebeu como todos os outros vereadores 4 pulseiras de acesso à zona de convidados. Posteriormente solicitou mais, tendo-lhe sido entregues mais 4. O sr. vereador Manuel Isaac manifesta-se então novamente contra a referida zona, mas quer usufruir da mesma”. O vereador do PSD sustentou que “mais de dez mil pessoas estiveram na Festa. A zona de convidados da Festa, este ano, foi gerida pelo parceiro de comunicação, grupo Mais Oeste, tendo o Município distribuído pulseiras pelas entidades oficiais, protocolo e patrocinadores, ficando no entanto essa distribuição à responsabilidade do grupo Mais Oeste”. “O sr. presidente da Câmara e o sr. vereador Hugo Oliveira têm razão quando afirmam que eu teria intenção de entregar pulseiras à Juventude Popular caldense, até porque nunca o escondi. A Festa Branca pode não ser uma festa da JSD, mas a Zona VIP desta festa sempre teve um ‘dress code’ mais laranja que branco, em que a militância social-democrata vale pulseiras. E, verdade seja dita, foi graças aos amigos do sr. vereador Hugo Oliveira que arranjei mais pulseiras para dar aqueles jovens caldenses que não são merecedores deste tratamento privilegiado por parte do vereador da Juventude”, afirmou o vereador do CDS/PP. “O que fica registado é que o sr. Vereador Hugo Oliveira prefere não responder às minhas questões, sonegando as únicas informações de relevância para o esclarecimento desta matéria. Continuo assim a aguardar que responda por escrito à minha solicitação de informação sobre este assunto”, retorquiu Manuel Isaac. Como o JORNAL DAS CALDAS já havia noticiado, os vereadores do PS também se manifestaram sobre o formato adoptado para a Festa Branca, nomeadamente discordando da existência de uma Zona VIP. “No Centenário da República, quando os valores da equidade e da promoção dos direitos civis, o fim das clivagens sociais, são tão propalados e repetidos, choca ver uma Câmara que se dispõe a estimular distinções incompreensíveis entre munícipes. Sendo absolutamente vazio de sentido o critério que possa distinguir uns caldenses dos outros, especialmente em circunstâncias de lazer, não é admissível que esta câmara municipal pague uma festa onde se considera que uns caldenses são very important persons e outros não o são. É por não ser aceitável que um cidadão que paga os seus impostos e cumpre a lei veja o seu dinheiro a pagar uma festa que lhe impede a entrada e o declara uma espécie de cidadão LIP – less important person”, comentaram os socialistas. Hugo Oliveira, em resposta, declarou que “por muito que respeite a legitima opinião dos senhores vereadores, não posso deixar de referir a forma ardilosa como tentam, numa defesa de valores de equidade, fazer passar a mensagem de que tenha mais custos para o erário público, a existência da zona de convidados. Para que não restem dúvidas, a mesma resulta dos patrocínios da referida festa”. Francisco Gomes