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Em 2009 foram recolhidas perto de 200 mil toneladas de resíduos no Oeste

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Depois de ser depositado um qualquer resíduo num caixote do lixo ou num ecoponto o trabalho não acaba ai. Dezenas de pessoas trabalham todos os dias para que a separação realizada em casa tenha continuidade, numa enorme passadeira de reaproveitamento e reutilização. Os funcionários da antiga Resioeste, agora integrados na Valorsul, foram visitados, pelo JORNAL […]
Em 2009 foram recolhidas perto de 200 mil toneladas de resíduos no Oeste

Depois de ser depositado um qualquer resíduo num caixote do lixo ou num ecoponto o trabalho não acaba ai. Dezenas de pessoas trabalham todos os dias para que a separação realizada em casa tenha continuidade, numa enorme passadeira de reaproveitamento e reutilização. Os funcionários da antiga Resioeste, agora integrados na Valorsul, foram visitados, pelo JORNAL das CALDAS, nos bastidores onde se verificou o seu trabalho meritório, mas também onde foram patentes, algumas dificuldades cívicas por parte daqueles que deveriam iniciar este processo de gestão da matéria consumida. O grande problema passa exactamente na separação. O ecoponto amarelo recebe tudo o que é plástico e metal e ainda tem um compartimento a vermelho onde são colocadas as pilhas. Talvez por ser o ecoponto mais multifacetado, é aquele que mais trabalho e problemas dá aos profissionais da Valorsul. Ali entram todo o tipo de materiais e até sacos de resíduos sólidos urbanos. Maria Adelina Graça, com 50 anos de idade e funcionária num dos sistemas de triagem confessa que muitas vezes aparecem-lhe na passadeira “animais mortos”. “Não é duro trabalhar aqui. O cheiro vai-se aguentando. Trabalho há onze meses aqui e moro aqui ao lado, no Vilar, e desde que aqui estou tenho outra noção deste serviço. Desde que aqui estou separo melhor o lixo. Até acho que as pessoas deveriam vir cá ver o nosso trabalho, para separarem melhor em casa, porque aparece aqui muita coisa que não devia”, reforça a trabalhadora. Também Ana Raquel 27 anos de idade e que está na secção ao lado apela para as pessoas não deixarem largar nos ecopontos “comida, fraldas sujas, papel de casas de banho, e pensos. Isto deveria ir para aterro e para o caixote do lixo. Mas além disto já cá passaram animais mortos, cães, gatos, frangos, perus. As pessoas utilizam o ecoponto para tudo e não deveria ser assim”, alerta a residente no Outeiro da Cabeça. Vanessa Sousa, uma das mais jovens funcionárias da secção de triagem considera que estar na Valorsul, antiga Resioeste “é muito bom” frisando que o mais duro “é as pessoas não fazerem bem a separação dos resíduos”. Igual opinião tem Ramiro Nobre, actualmente com 60 anos de idade e que já fez um pouco de tudo na empresa, estando agora na secção de recepção dos camiões dos ecopontos. “Faço todo o trabalho que seja preciso. Fui dos primeiros funcionários. Vim para aqui como segurança. Faz dez anos que cá estou. E só lamento que as pessoas não separem bem os resíduos.” Mas não só a separação é o problema do ecoponto amarelo. Também o volume é uma das dores de cabeça já que as garrafas e garrafões ao irem com tampa ocupam mais volume. Manuel Soares, com 30 anos de idade, sendo motorista do sector da recolha, apela aos oestinos para terem mais atenção na colocação das embalagens de plástico no ecoponto amarelo. “As pessoas no verão consumem muitas mais embalagens, nomeadamente garrafas e garrafões e quando as deitam no ecoponto, deixam ficar a tampa. Isso cria volume e quando estamos a despejar o ecoponto o volume ocupa espaço e prejudica a compactação. O meu apelo é no sentido de as pessoas retirarem a tampa e separarem-na para uma qualquer campanha, ou se a colocarem, tentem colocar as garrafas e garrafões sem ar no ecoponto. Isto traduz-se em menor volume e em menores viagens do camião, logo menos despesa”, refere. Este técnico residente no Vilar e que está há cinco anos na antiga Resioeste apela ainda para que as pessoas não deixarem vidros no chão “porque se torna perigoso para as crianças, idosos e dificulta-nos o trabalho”. Ainda no campo da recolha outro problema passa pelo estacionamento, já que “muitos automobilistas não respeitam o lugar dos ecopontos” e “nós ao fazermos a descarga ou passamos por cima das viaturas com todos os riscos que isso representa ou então não conseguimos chegar com o braço da máquina para fazermos o trabalho”. O seu colega de trabalho Tiago Graça, com 30 anos de idade e que há quatro anos está neste serviço confessa que além de ajudar a fazer manobras e a limpar o lixo em volta os ecopontos tem uma missão de verificar o enchimento dos ecopontos. “O trabalho é observar todos os ecopontos quando se está a fazer a recolha, limpamos e anotamos se, algum está danificado e em volta dos ecopontos limpa-se o espaço”, descreve. Este sistema de controlo do enchimento é coordenado por Pedro Miranda, responsável da recolha selectiva e como tal supervisiona através de PDA’s o enchimento dos ecopontos em todo o Oeste, através de um software aperfeiçoado pelo técnico. “Sempre que um colega está a fazer a descarga de um ecoponto anota no PDA como está o seu enchimento, numa bateria de três fases nos diferentes ecopontos. Os dados são armazenados e quando o carro chega à Valorsul, através do Wireless, entra no sistema e é automaticamente trabalhada a informação para no dia seguinte se ir fazer a viagem de recolha. Nos circuitos dos 14 Municípios do Oeste, com estes dados conseguimos saber qual é a zona onde devemos de intervir com mais frequência. O software lê os enchimentos e através do sistema georreferenciados do Google Earth aparecem-nos as cores das fases de enchimento. Desta forma sabemos se o circuito que estava planeado está em condições de ser feito ou não. Ou antecipamos ou adiamos a recolha. Se antecipamos a recolha é sinal que evitamos que haja desperdícios e se adiamos estamos a poupar recursos”, explica. Da versatilidade deste sistema é detectado também que existem mais problemas na reciclagem no meio urbano do que no meio rural.  “Nas cidades as pessoas têm menos preocupação em reciclar. Quando estamos num espaço rural ou junto às praias o ecoponto está limpo e a matéria está bem separada. Na cidade utilizam o ecoponto como um caixote do lixo e o material vem todo misturado. Às vezes até deixam o saco no chão, mesmo com o ecoponto vazio”, revelou Tiago Graça. Neste sentido o operador que está sempre no terreno apela para as pessoas “façam bem a reciclagem” e se tiverem duvidas que “as tirem na internet, recorrendo à Valorsul” e que “respeitem a área dos ecopontos”. De entre essas dúvidas as mais frequentes referem-se as embalagens tetra pack que muitas vezes são colocadas no ecoponto azul quando devem ser colocadas no ecoponto amarelo. Ainda no problemático ecoponto, surgem sapatos, roupa e uma imensidão de objectos que não são recicláveis, mas que ainda assim a Valorsul recebe e retira na linha de controlo de qualidade da matéria reciclável e que envia para os locais próprios. No ecoponto azul onde é colocado o papel e cartão, há também problemas. Muitas pessoas colocam o papel higiénico, fraldas, pensos e outros objectos que tem papel como base, mas que tem matéria orgânica e que não é reciclável. Este facto provoca alguns dissabores a quem nas passadeiras faz o controlo de qualidade. O ecoponto onde há menos problemas é no verde. Talvez por ser aquele a que as pessoas se habituaram à mais tempo a separação é mais simples, embora surjam detalhes relacionados com os rótulos e as tampas das garrafas e frascos. Cristina Guilherme, com 36 anos de idade, é a responsável pela secção de triagem na Valorsul no Oeste e labora há oito anos no Aterro Sanitário do Oeste (ASO), explicou que assim que os camiões chegam é despejada a matéria e logo de seguida é feita uma primeira triagem antes de o material entrar no tapete para ser separado. O material segue para uma cabine da pré-triagem onde estão várias funcionárias que continuam a tirar as matérias de grande dimensão e tudo o resto que esteja a mais. Após este processo o material segue para uma zona chamada “abre sacos”, passando para o “balístico”. O material rolante continua no processo até às leituras ópticas onde caem para os silos. O outro material sólido segue para uma nova cabine onde estão mais mulheres que manualmente inspeccionam todo o processo. Após esta passagem, existem ainda mais três ou quatro processos até que o material reciclável esteja pronto para ser enfardado. Cristina Guilherme considera que o material que vem no ecoponto azul (papel e cartão) e no ecoponto verde (vidro), não precisa de muitos processos já que as pessoas têm uma noção mais exacta de como o separar, embora hajam algumas surpresas de vez enquanto. “Estão normalmente dois operadores. Um faz os fardos e outro está a empurrar o material”, explica, frisando que “o ecoponto amarelo é o mais problemático e os ecopontos, azul e verde são os que vêem melhor”, sublinha. Recorde-se que quanto maior e melhor for a capacidade de triagem na reciclagem em casa, menos despesa a Valorsul irá despender no seu centro de triagem, logo menos dinheiro terão os Municípios de pagar. Este é um ciclo educacional e que levará vários anos até se atingir um patamar ideal. A reciclagem que tem poucos anos nesta vida moderna já está mais ou menos encaixada na população do Oeste, pela percentagem de matéria pronta para ser reutilizada. Porém uma das falhas é a quantidade de ecopontos nos Municípios da região e que deverão ser reforçados. Dos dados disponibilizados pela então Resioeste, “são cerca 2.398 os locais de deposição espalhados pelos 14 Municípios do Oeste”, sendo que a maioria, “são ecopontos completos com amarelo, azul e verde” e em outros locais são apenas ecopontos verdes ou azuis isolados que estão em estabelecimentos ou pertencem a fileiras muito antigas. Quase toda a região do Oeste está abrangida por ecopontos, até na Serra do Montejunto ou na praia menos povoada, mas a colocação destes equipamentos obedece a prioridades e regras. “As colocações são progressivas e vão aumentando a área de cobertura da Valorsul, embora haja um reforço de ecopontos na altura do Verão, nomeadamente nas praias, porque o Oeste tem uma ocupação sazonal em São Martinho, Peniche, Torres Vedras e Nazaré” descreveu Pedro Miranda. “Temos o cuidado de aumentar a frequência e duplicamos os locais de deposição. Todos os anos colocamos novos ecopontos sabendo que é um grande investimento. Todos os anos recebermos os pedidos que nos chegam através das Juntas de Freguesia, Câmaras e de pessoas singulares. Fica tudo numa base de dados e antes de colocar algum equipamento no terreno falamos com as entidades locais de modo a abranger os locais com mais pessoas, não descorando as pequenas vilas e aldeias. É um trabalho que nunca está acabado”, sublinha. No entanto está a decorrer um projecto-piloto em Óbidos de recolha selectiva e que Pedro Miranda considera que resulta, embora não diga que seja o ideal para todo o Oeste. “Este sistema de proximidade resulta bem naquele Município e estamos a estudar este sistema. Optou-se no entanto na recolha das ilhas ecológica para todo o Município de Óbidos e os resultados “per capita” são bastante bons”, mas “não se pode generalizar porque cada Município tem as suas características”. Na região Oeste foram recebidos no ano passado, 198.663 toneladas de resíduos. Desta quantidade, 8,9% proveio da recolha selectiva, 1,9% são resíduos de grandes dimensões ou seja os monstros, onde se incluem frigoríficos, colchões, televisores. 0,11% são resíduos verdes e 0,1% são resíduos de varreduras onde a grande quantidade são os 88,9% que correspondem a resíduos indiferenciados. Uma das apostas da Resioeste e que vai continuar a ser com a Valorsul é a compostagem doméstica onde se está a trabalhar na reformulação para abranger toda a área da empresa, os dezanove Município mas que significa, se for bem aceite e implementada, uma mais-valia, porque uma grande quantidade de matéria deixa de ser depositada em aterro e é reaproveitada como fertilizante. Para fazer este processo basta que qualquer pessoa que tenha condições na habitação, ter quintal com terra, tenha o mínimo de três pessoas no agregado, preencha um formulário e receba um guia da compostagem quando se dirigir à Valorsul, ou solicitar um compostor doméstico nas muitas autarquias ou Juntas de Freguesia do Oeste que tem este serviço descentralizado. Marília Martins funcionária do departamento da compostagem garante que é feito um acompanhamento por e-mail, telefone e em visitas às habitações para ajudar no processo de compostagem. Os Municípios onde existem mais compostores domésticos espalhados são Alcobaça, Lourinhã e Torres Vedras, estando Peniche como o Município com menos compostores domésticos. A prova do sucesso desta normativa é testemunhada por Sebastião Santos, que aos 66 anos está encarregue ao processo de dinamização da compostagem na Valorsul já que cuida dos jardins e da quinta pedagógica da empresa. “Tenho aqui tomates, alfaces, couves, feijão, alho, pepino, maças e outros produtos hortícolas. Adubei a terra com coisas da compostagem. Trato disto para mostrar e dou ao pessoal. Usar os produtos do lixo para adubarem a terra é bom”, explicou.     Carlos Barroso

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