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Gregas tragédias

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Vêem alguns nos tumultos que têm ultimamente assolado algumas regiões da Europa, e nomeadamente a Grécia, a semente de uma mudança, o sinal de uma esperança que tarda e se esvaece à medida que os anos passam. Vêem aí alguns a força histórica capaz de produzir revoluções e de alterar a trajectória das políticas económicas […]
Gregas tragédias

Vêem alguns nos tumultos que têm ultimamente assolado algumas regiões da Europa, e nomeadamente a Grécia, a semente de uma mudança, o sinal de uma esperança que tarda e se esvaece à medida que os anos passam. Vêem aí alguns a força histórica capaz de produzir revoluções e de alterar a trajectória das políticas económicas que marcaram o Ocidente nas últimas décadas. Nenhuma destas interpretações me parece crível ou prudente. O mais certo é estar-se perante acontecimentos que só vão piorar a condição do povo, e que nesse sentido podem ser lidos como convenientes para os muitos Perseus que anseiam cortar a cabeça às Medusas devassas em que nos fomos tornando. Nunca houve revoluções sem armas, ainda que as possa ter havido sem sangue. Acredito mais que aquilo que acontece hoje na Grécia sirva os interesses neomalthusianos dos poderes difusos (sem rosto nem pátria) que hoje controlam e dirigem os Estados. O Estado deixará de cumprir as suas obrigações básicas, e a culpa será do povo desordeiro. As escolas deixarão de funcionar por razões de segurança: a culpa será do povo. Os serviços de saúde e de apoio social deixarão de cumprir a sua missão eficazmente e com justiça: a culpa será daqueles que obrigam o Estado a canalizar avultados recursos para as forças policiais e, supostamente, para defesa e segurança do Estado. Um círculo vicioso portanto. A par das agências bancárias que ardem e das ruas que se tornam campos de batalha, mantêm-se intactas todas as estruturas de poder que convêm, e que estão escrupulosamente defendidas pelos senhores das armas físicas, químicas e biológicas. Daí que não interesse nesta fase carregar mortalmente sobre os civis gregos: isso seria duplamnente errado pois os civis deixariam de destruir o que ainda resta do espaço da infra-estrutura pública (perder-se-.ia, por assim dizer, um “aliado”) e a opinião pública, incluindo a das próprias forças policiais, ficaria mais propensa à introspecção. A imagem que interessa passar é a de forças policiais tolerantes e até fragilizadas que combatem grupos de manifestantes rebeldes e indisciplinados. Só assim se poderá justificar mais tarde a repressão policial severa e as perdas de liberdade para todos, incluindo para aqueles que, por inteligência ou por cobardia, nunca participaram nos desacatos. Para fazer revoluções são necessárias armas adequadas (equivalentes em número e em qualidade às armas do opressor) ou o seu controlo. As armas são hoje um assunto de extrema complexidade, como troncos novos em sectores pretensamente “civis” como os da indústria farmacêutica e biotecnológica, para já não falar nesse sector esdrúxulo que dá pelo nome de “indústria da segurança”. Fazer com que as armas voltem a estar sob o controlo popular (e nessa acepção sob o domínio dos Estados) é hoje a questão chave das democracias europeias. A questão que determina a possibilidade ou a absoluta irrelevância das revoluções. A prudência e a inteligência nunca terão sido neste aspecto tão necessárias. Não deixa de ser porém curioso o regresso de algumas teses clássicas, caso da velha “luta de classes”, bem como o desfalecimento de outras, como aquela que previra o “fim da história”. Aumenta nos povos europeus a consciência de estarem a ser vitímas de um inimigo comum, muito mais do que a ideia de coesão social e da possibilidade de poderem vir a ter um “futuro comum”; e a hipótese de os “nãos populares” serem censurados por uma maioria satisfeita e solidária perde relevância. Uma revolução hoje na Europa não causaria grande espanto, além de que poderia beneficiar de um amplo apoio popular transnacional. As classes médias minguam por todo o mundo alvo da cegueira monetarista das últimas décadas. Sem classe média, como proclamou Max Weber, não é “sustentável” a democracia. A história continua, e como sempre são os homens que a fazem. Às Forças Armadas cabe a nobre e fundamental missão de assegurar que as suas armas são as armas do povo, garante da soberania e da independência nacional. Observando com os seus olhos e inteligência os novos troncos por onde hoje a guerra se instila e prepara, cabe-lhes notar a imoralidade de nada fazerem quando o seu povo é o alvo do ataque, bem como o absurdo de usarem as armas contra quem lhas confiou. Valdemar Rodrigues

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