Miguel Arrobas e Nuno Vicente ficaram com os seus nomes na história por serem os primeiros nadadores a fazerem a travessia da Ilha dos Farilhões até Peniche, numa distância que deveria ter sido de 24 quilómetros, mas que as condições de mar e vento forte fizeram os dois heróis nadarem mais de trinta quilómetros, ultrapassando as sete horas. Perante tal feito, António José Correia, presidente da Câmara Municipal de Peniche, vai propor que Cavaco Silva e José Sócrates reconheçam publicamente estes dois nadadores. “Eles são um exemplo para a juventude. Aquilo que propusemos na Câmara Municipal com a medalha de mérito desportivo está aqui patente. Eles merecem muito mais do que esta distinção. Mas como há muita gente distraída com as questões do futebol, esta é a altura para que o senhor Presidente da República e o senhor Primeiro-Ministro reconheçam publicamente estes dois nadadores”, declarou o autarca. “Pela humildade, pelo seu valor, eles merecem este apoio. Tendo em conta as condições de mar péssimo até poderiam ter desistido, mas avançaram e mantiveram a prova, nadando com vagas de quatro metros”, apontou. Verónica Lenarz, embaixadora das Nações Unidas reconheceu publicamente os dois nadadores, tornando-os embaixadores dos golfinhos, numa altura em que se comemora o ano daquela espécie protegida. “Mal começaram a nadar os golfinhos apareceram”, descreveu, entregando a distinção. A embaixadora das Nações Unidas afirmou ainda que Nuno Vicente e Miguel Arrobas “são dois verdadeiros heróis, porque são além de bons desportistas, são pessoas dedicadas nas suas causas”. Nuno Vicente agradeceu às gentes de Peniche e lembrou que “o arquipélago da Berlenga é uma Maravilha que merece ser reconhecida”. Com 29 anos, engenheiro civil, Nuno Vicente foi mesmo o primeiro nadador a chegar a Peniche, depois de ter sentido muito frio durante a prova, decidindo descolar do seu companheiro para que o seu corpo não arrefecesse. “Apanhámos muito vento, uma nortada brutal e ondas de 3,5 metros, num percurso que acabou por ser maior do que os 24 quilómetros previstos, talvez na ordem dos 30”, fez notar. Com muito frio, mas orgulhoso de ter terminado, Miguel Arrobas, 33 anos, jurista, declarou no final da travessia histórica que “a água estava muito fria, eu acabei por andar nas últimas duas horas em total sofrimento”. O que move este nadador é “descobrir os nossos limites sem nos pormos em causa e acreditarmos chegar onde queremos”. Nuno Vicente fez a travessia em 7h05m35s78ss e Miguel Arrobas nadou durante 7h53m32s27ss, sendo que Nuno Vicente nadou entre as duas a três milhas por hora, enquanto que Miguel Arrobas nadou entre a meia a uma milha por hora. Este foi o último teste antes da travessia prevista para Agosto no Canal da Mancha. “São mais horas e há mais correntes, mas nas condições que apanhamos aqui, se apanharmos no Canal da Mancha, eles nem nos deixam sair para o mar. Lá teremos melhores condições que aqui. Hoje foi um grande risco para todos nós”, afirmou. Carlos Barroso