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Feliciano Barreiras Duarte, autarca e deputado

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“Leiria e o Oeste são uma espécie de primos” Feliciano Barreiras Duarte tem 42 anos, é casado e tem três filhos rapazes (Afonso de quase seis anos, Duarte de dois anos e Sebastião prestes a completar um ano). Nasceu no Bombarral, mas tem família e origens em vários concelhos do Oeste (no Bombarral, no Cadaval, […]
Feliciano Barreiras Duarte, autarca e deputado

“Leiria e o Oeste são uma espécie de primos” Feliciano Barreiras Duarte tem 42 anos, é casado e tem três filhos rapazes (Afonso de quase seis anos, Duarte de dois anos e Sebastião prestes a completar um ano). Nasceu no Bombarral, mas tem família e origens em vários concelhos do Oeste (no Bombarral, no Cadaval, em Óbidos e nas Caldas da Rainha). Antes de ter ido estudar para Lisboa, estudou no Bombarral e em Torres Vedras. Foi autarca no Bombarral durante 10 anos (como Vereador e Presidente da Assembleia Municipal). Actualmente é autarca em Óbidos, onde preside à Assembleia Municipal. Liderou precisamente há 11 anos atrás um dos movimentos cívicos mais emblemáticos e de dimensão nacional que o Oeste teve em toda a sua história (o movimento de luta contra as portagens no Oeste). Foi secretário de Estado de dois Governos na presidência do Conselho de Ministros. Tinha oficialmente as tutelas da imigração e da comunicação social, mas os seus colegas de Governo decidiram atribuir-lhe publicamente uma terceira tutela – a de Leiria e do Oeste – tantas eram as sugestões e os pedidos que lhes fazia para resolver problemas nesta zona do país diariamente. Desde 2005 desempenha as funções de deputado na Assembleia da República em não exclusividade, porque mantém a sua actividade académica e profissional. É professor universitário (há já vários anos) e está a concluir o seu doutoramento com uma tese sobre “Políticas Públicas e Direito da Imigração”, na universidade pública de Berkeley, na Califórnia, EUA, aonde se desloca quando o Parlamento fecha. É Presidente do novo Instituto Científico das Migrações e é membro do Conselho Consultivo do Instituto Para a Promoção da América Latina. Escreve com sobre temas da actualidade em vários jornais e revistas. Actualmente escreve nove artigos de opinião por mês – um no Expresso (depois de o ter feito nos últimos anos na Revista Visão), quatro no Jornal de Noticias, dois no Região de Leiria e dois no Jornal Eco, onde aborda muitas vezes temas que não têm nada a ver com a política. Tem vários livros publicados. Já está no prelo o seu próximo livro, que é um livro jurídico – “O Regime Jurídico do Direito da Cidadania no Direito Comparado”, sobre 40 leis da nacionalidade de 40 países. JORNAL DAS CALDAS – Há quase seis anos publicou um livro onde na prática defendia e fundamentava, que Leiria e o Oeste eram um gigante económico e um anão político. Mantém essa opinião? FELICIANO BARREIRAS DUARTE – Seis anos depois, muita gente – uns em público e outros em privado – também o têm afirmado. E é curioso, muitos são os que em 2002 me criticaram por o ter escrito. A única diferença para mim desde o tempo em que esse meu livro foi publicado é que talvez hoje estejamos perto de ser um gigante económico com um pé de barro, dada a fragilidade de alguns sectores da actividade económica e por via disso várias empresas estão a fechar e outras com problemas. JC – O líder do Movimento Pró–Ota, Tomás Oliveira Dias, afirmou recentemente em entrevista ao Diário de Leiria, que dos 10 deputados eleitos pelo nosso círculo eleitoral, você foi o único deputado que se ouviu e mexeu como deve ser na defesa do aeroporto da Ota. Porque é que acha que os seus colegas dos outros partidos não o fizeram? FBD – Quem me conhece (e não os curiosos que apenas ouviram falar de mim) sabe que trabalho com regularidade e que não espero pelas campanhas eleitorais para o fazer. De resto, eu tive comigo sempre os meus colegas Carlos Poço e Ofélia Moleiro. Sobre os outros sete eleitos por Leiria, eles que expliquem. Por cortesia eu não o faço. Se o Dr. Tomás Oliveira Dias diz isso, é bom eu ouvi-lo, porque é sinal que existe reconhecimento pelo trabalho e pelo risco na defesa clara da causa da Ota. É que para além de muitas outras coisas eu não me esqueço que votei várias vezes em Conselho de Ministros – enquanto secretário de Estado – decisões favoráveis directa ou indirectamente à Ota e ao TGV. Aliás, nos meus diários de Governo está lá tudo. Mas não fui só eu a votar! Daí que gente do PSD que mudou de opinião me tenha surpreendido muito pela negativa. A começar pelo Dr. Marques Mendes. Detesto a violação gratuita da ética do compromisso. Para mim isso é clássico espertismo e oportunismo. JC – Fez agora 42 anos, mas ainda muita gente tem presente os seus tempos de juventude, com múltiplas iniciativas e opiniões. O que acha da juventude de hoje? FBD – Em certo sentido, a juventude de hoje é velha. Sei que isto é provocatório. Mas penso que tem poucas verdadeiras causas. Esteticamente dá um ar moderno. Mas no conteúdo às vezes dá a sensação de viver numa obsessão e voragem de prazer quantitativo e não qualitativo. Existem muitas excepções, como é óbvio. Mas no essencial, a sensação que se tem é que vive enredada na procura de coisas que na forma e no conteúdo são velhas. JC – Em vários dos seus artigos de opinião, tem abordado temas referentes à reforma do sistema político. Num dos últimos, no Jornal Expresso, referiu-se, entre outras coisas, “ao perigo do generalismo na classe politica”. O que quis dizer com isso? FBD – Para quem já esteve em situações de obrigatoriedade de (passo a expressão) “andar à velocidade dos aviões”, porque é o ritmo de trabalho que os membros do Governo, para serem responsáveis, têm de ter, e para quem não se limita a ser actualmente politico, mas é um cidadão normal como a generalidade de todos os outros (com família, profissão certa e determinada) mas que tem ambições, expectativas, preocupações e problemas, é por vezes desencantador olhar para muita da classe politica e constatar que muitos dos seus “actores” são excessivamente generalistas e gelatinosos. E o mais grave é que os próprios partidos políticos, funcionando tipo conchas fechadas, em circuito gasto, estão afastados das pessoas e têm cada vez mais dificuldades em sintonizar as suas reais expectativas. Infelizmente, os partidos políticos no século XXI têm uma agenda e uma cultura política que muitas vezes é igual há 20 ou 30 anos. Isso está errado. Prejudica o país e prejudica os próprios partidos. Discute-se mais ajustes de contas e rivalidades pessoais do que outras coisas bem mais interessantes. Daí que seja urgente uma nova cultura política, assente numa nova relação entre o cidadão e a politica. Contrapondo ao generalismo, o perfeccionismo e uma cultura da defesa do interesse publico, onde o estudo dos problemas, o mérito e o trabalho estejam bem presentes. E que tudo isso se reflicta nos critérios de recrutamento partidário. JC – Outra matéria a que se tem referido várias vezes tem a ver com a importância dos media como factor de desenvolvimento regional. Em concreto o que é que quer dizer com isso? FBD – Quero chamar a atenção para a necessidade do reconhecimento e interiorização do impacto positivo que os media (em particular de proximidade) têm na promoção do desenvolvimento económico, social e cultural à escala regional e local. É determinante que exista uma opinião pública com acesso a conteúdos informativos e formativos de qualidade. Por exemplo, alguém imagina uma região sem muitos dos seus jornais locais e regionais? Depois entendo que vale mais uma verdade que incomode do que uma mentira que encante. A nossa região é no país das com melhor informação de proximidade e com altos índices de leitura no país a esse nível. Mas outra coisa que tenho vindo a defender é o reforço da presença de media nacionais na nossa Região (delegações, correspondentes, etc). Isso é importante até para os protagonistas do nosso espaço mediático ganharem mais dimensão nacional e terem mais escrutínio público. Isso é bom. Na politica, na economia, na cultura. Em tudo. “Estou cansado da partidarite” JC – Pertence a um partido político. É militante e dirigente. Mas aqui e acolá percebeu-se que é crítico dos partidos políticos. Está assim tão desiludido? FBD – Estou é cansado da partidarite. Felizmente vacinei-me. Os tempos que vivemos e os tempos que aí vêm sugerem-nos uma (direi) revolução a esse nível. O modelo dos futuros dirigentes políticos e partidários vai ter de assentar em novos perfis. É uma questão de tempo. Os chamados martelinhos partidários têm os dias contados. E a relação que os partidos políticos têm de ter com o meio envolvente tenderá a especializar-se mais e a obrigar a uma maior proximidade. É fatal como o destino. Ninguém compra o que minimamente não conhece e quase sempre gosta-se de tocar antes de se comprar. O tempo de uma ou duas centenas de militantes com quotas pagas decidirem sozinhos numa lógica de cabeça para baixo o que é melhor para 20, 30 40 ou 50 mil pessoas, vai ter de acabar. Por isso o que venho sugerindo é uma mudança. JC – O seu nome, o de Telmo Faria e até o de Fernando Costa têm sido falados como potenciais candidatos à Câmara Municipal de Leiria. Está disponível? FBD – A Câmara de Leiria é demasiado importante para ficarmos indiferentes. O próximo presidente da Câmara, na minha opinião, vai ter de ser uma pessoa com dimensão intelectual, capacidade de gestão e potencial mediático nacional. Vai ter de iniciar um novo ciclo. Vai ter de ter um projecto mobilizador virado para o futuro, onde os sectores mais dinâmicos e os empreendedores estejam no “focus” do seu desempenho autárquico. Gosto de Leiria, como gosto de Óbidos, do Bombarral e de outros concelhos. Tenho ideias muito claras para Leiria. Mas neste momento a minha vida não me permite um desafio desses. As minhas responsabilidades familiares e até financeiras e académicas e profissionais não me permitem o exercício de uma função desse tipo. Que é muito aliciante. De resto – com humildade o digo – sei que estou a cumprir o meu papel no Parlamento da mesma forma que o fiz no Governo. E tenho o meu doutoramento para acabar, a minha vida profissional, e três filhos para ajudar a crescer e educar. Mas não enjeito um dia mais tarde se se proporcionar encarar um desafio autárquico de carácter mais executivo em Leiria ou noutro concelho. É que eu gosto de projectos que assentem muito na cultura da decisão. JC – Com certeza que sabe que algumas pessoas do PSD, ao longo dos anos, tiveram momentos em que estavam zangadas consigo. Como é que convive com isso? FBD – Mal dos consensuais que andam quase sempre à boleia de outrem. Normalmente por onde andam é nos caminhos dos outros. E quanto a mim só pode fazer a paz quem soube fazer a guerra. De forma muito generalizada sinto grande respeito e reconhecimento por parte da generalidade dos eleitores, políticos, militantes e dirigentes do PSD. É normal que existam pessoas que me apreciem menos. Uns com mais razão e outros com menos. É a vida. Não é isso que me tira o sono. Só quem faz, decide, opta e que esteja na linha da frente é que pode desagradar a alguns. De resto, às vezes é preciso estar-se em minoria para ganhar liberdade e fôlego e sabedoria para voltar a ser maioria com força e convicção. Eu em certo sentido sou um solitário propositado. Gosto de às vezes estar aparentemente cercado e sozinho. É um grande teste que eu faço. Ás capacidades, convicção, gratidões e cumplicidades. Ter às vezes de aparentemente começar de novo algumas coisas, dá-me motivação e satisfação. Faz-me sentir bem e livre. Sobretudo isso. Livre. Não há nada que pague isso. JC – Tem consciência de que escrevendo tanto, corre o risco de se expor mais facilmente à crítica. Como vê a crítica aos políticos? FBD – Existe às vezes uma “fome ” e uma certa inveja para atacar gratuitamente as figuras públicas que trabalham com lealdade e responsabilidade. Muitos dos que o fazem usam essa crítica injusta como alimento político. Esses só se fazem notar quando criticam alguém. A não o fazerem não tinham reconhecimento e nem se dava pela sua existência. É um risco que aceito correr. Para mim escrever é neste momento uma outra forma de intervir cívica e politicamente. Por isso aceito sujeitar-me ao escrutínio da opinião pública. Os meus textos são bem segmentados. Antes na Visão e agora no Expresso, só escrevo sobre temas da actualidade com carácter nacional e institucional. No Jornal de Notícias procuro abordar mais a actualidade social, cultural e politica entre Coimbra e o Algarve, enquanto no Região de Leiria escrevo só sobre Leiria e o Oeste e no Eco só sobre o norte do Distrito de Leiria. Quando fui convidado para escrever, fiz questão de explicar bem quais as regras deontológicas por que me regia. Daí que pessoas do PSD às vezes gostassem mais que eu vestisse a camisola laranja como um fundamentalista. Alguns já me deram na cabeça por eu aqui e acolá ter divergido publicamente nos meus textos do PSD. Mas ali não está o militante, está o cidadão. Quanto à crítica aos políticos é normal. Umas vezes mais exagerada. JC – Está arrependido de algumas decisões e opções que tomou nos últimos anos, quer como secretário de Estado, quer como deputado, autarca e dirigente do PSD? FBD – Confesso que não sou pessoa de muitos arrependimentos. Como nunca até ao momento fui pessoa de ter medo de decidir. Daí que não me arrependa desesperadamente de muita coisa. Outra coisa é dizer que em alguns casos se conhecesse melhor uma ou outra variável e uma ou outra pessoa, talvez tivesse decidido algumas vezes de forma diferente. Aí não me custa nada reconhecê-lo. JC – Publicamente manifestou-se contra o aborto. Porquê? FBD – Essencialmente por duas razões – Em primeiro lugar por convicções familiares e religiosas – não tenho pejo em o reconhecer. Em segundo lugar porque eu e a minha mulher vivemos algumas situações dramáticas nos últimos anos, em particular vivemos uma situação dramática com o segundo dos nossos três filhos. Sofremos muito. E tudo isso deu-nos uma visão diferente do que conhecemos da vida. Nesse sofrimento aprendemos a saborear melhor o valor da vida e da família. E também a desvalorizar coisas menores. JC – Então como se define ideologicamente? FBD – Sou um conservador nos costumes, um liberal na economia e um social-democrata nas preocupações sociais. É na síntese de tudo isto que me revejo no PSD. “Tenho corrido riscos por Leiria e pelo Oeste” JC – Num dos seus textos recentes no Jornal de Noticias (JN) dizia que tem o seu coração entre Leiria e o Oeste. E voltou a dizer que Leiria e o Oeste são uma espécie de primos. Continua empenhado na sua união? FBD – Leiria e o Oeste têm-me no meio. A mim e com certeza a outras pessoas. Mas no meu caso isso é uma realidade. Se as minhas raízes e o meu sentimento de pertença mais profundo está mais no sul do distrito de Leiria e no coração do Oeste, muito do meu trabalho político e ao serviço da coisa pública está em Leiria centro e norte. Eu, ao contrário de outros, tenho corrido riscos por Leiria e pelo Oeste. Não faço como outros que vão baloiçando conforme o vento. Acredito que Leiria e o Oeste são uma espécie de primos. Que é mais aquilo que os une do que aquilo que os divide. E juntos podem ser mais fortes e imporem-se no país. É só quererem. JC – “3 anos depois para pior” foi o seu último artigo no jornal Expresso. É um texto muito duro. Faz assim um balanço tão negativo? Também para o Oeste? FBD – Até ao momento sim. Vamos lá ver como acaba o processo das compensações pela perda da Ota. Por este caminho é um embuste! E isto para não adjectivar de outra forma. JC – Mas não acha que o Primeiro-Ministro José Sócrates e o Partido Socialista têm feito coisas bem feitas? FBD – Nenhum Primeiro-Ministro num país normal faz tudo mal feito. Aquilo que essencialmente se trata é de fazer o balanço com rigor e de entre outras coisas concluir que este é mais negativo do que positivo. E num quadro de desafios cada vez maiores as coisas ainda pioraram mais. É verdade que o Primeiro-Ministro teve uma fase inicial que gerou expectativa e simpatia. Mas isso foi só ao princípio. Porque agora percebe-se que do anúncio de uma decisão e de uma reforma à sua concretização efectiva e com resultados positivos vai uma grande distância. JC – Porque é que você e os seus colegas Ofélia Moleiro e Carlos Poço apresentaram queixas ao Procurador-Geral da República e ao provedor de Justiça? FBD – Porque entendemos que estamos perante graves violações e omissões dos poderes públicos. Ao Senhor Procurador-Geral da República e ao Senhor Provedor de Justiça estão acometidas nos termos da Constituição e da lei responsabilidades atinentes ao apuramento da conformidade legal da prática de vários actos de pessoas colectivas de direito público, que na nossa opinião poderão permitir concluir que foram cometidas ilegalidades graves. Tudo isto tem que ver com o traçado do TGV na linha entre Lisboa e Porto e concretamente entre Alenquer e Pombal. JC – Onde andam e estão os vossos colegas deputados do PSD Luís Pais Antunes e Mário David? É que ninguém os vê e sabe o que fazem… FBD – Não me faça perguntas difíceis. Pergunte-lhes a eles. “Guerra entre Caldas e Alcobaça devido ao Hospital não é boa” JC – O que acha da “guerra” entre Caldas da Rainha e Alcobaça devido ao Hospital Norte Oeste? Resposta – Olhe, não sei se é da idade ou não. Mas com já muitos anos de experiência preferia que essa dita guerra não existisse. Não é boa para ninguém. Espero que termine e que prospere o bom senso. JC – Dê então alguns exemplos do que acha negativo, por parte do Governo, nos concelhos do sul do distrito de Leiria? FBD – Em traços gerais e de forma sucinta é muita coisa. Das macro decisões temos por exemplo o processo negativíssimo da quebra do compromisso da construção do novo aeroporto na Ota, do bloqueamento para as soluções necessárias para a salvaguarda da Lagoa de Óbidos, do abandono da linha ferroviária do Oeste, da diminuição drástica do investimento público em vários concelhos, nas confusões relativas ao traçado do TGV no concelho de Alcobaça, na tentativa e obsessão de fechar serviços do Estado essenciais para a vida das pessoas e das empresas (veja-se o caso de Peniche na urgência hospitalar e de outros serviços de saúde noutros concelhos), etc. Tudo isto e muitas coisas mais acontecem quando José Sócrates e o PS prometeram tudo e mais alguma coisa (150 mil novos empregos, não aumento da idade da reforma, não aumento dos impostos, etc). Passaram três anos e são três anos para pior. As famílias vivem com dificuldades, mais endividadas e mais preocupadas com o futuro. As empresas têm falta de apoios para a sua modernização e internacionalização e vivem no meio de uma obsessão fiscal excessiva, e pouco do que está a acontecer foi o prometido por José Sócrates. Acha pouco? JC – Você e muitas vezes os seus colegas Ofélia Moleiro e Carlos Poço têm divergido em algumas matérias das posições oficiais do PSD. Não acham isso confuso para quem está de fora a ver essas divergências? FBD – Não são tantas as vezes como isso. Divergimos essencialmente sobre as matérias do aeroporto da Ota e da concretização do TGV. Mas atenção, na verdadeira acepção da palavra os nossos colegas é que divergem de nós. Eles é que mudaram de opinião. E nós não. Como já referi anteriormente estou vacinado contra a partidarite e detesto a violação gratuita da ética do compromisso. É por estas e por outras que cada vez estou mais independente da política, para não engolir em seco o que não devo nem quero. JC – O PS de Óbidos fez-lhe ataques na campanha eleitoral. Mas há um ano na Assembleia Municipal de Óbidos elogiaram-no. Na altura você ficou calado. Porquê? FBD – Tratou-se e trata-se de encarar as coisas com normalidade. Mas como é óbvio prefiro que me respeitem e tratem bem e sejam justos – como foi o caso – do que o contrário. Alguns autarcas socialistas falam comigo algumas vezes e dizem-me que afinal enganaram-se e que eu não sou nada do que lhes tinham dito durante a campanha eleitoral. Aquilo que lhes digo é que eu sempre fui assim como sou. Com os meus defeitos e eventualmente com uma ou outra virtude. Penso que todos nós temos de nos habituar, antes de formarmos opinião sobre alguém, a dar tempo ao tempo e não formarmos as nossas opiniões em função do que lemos a correr e do que outros nos tentam impor e não em função da nossa própria experiência e vivência de conhecimento e trabalho. JC – Falemos do seu amigo Telmo Faria. É sabido e percebido que são grandes amigos. Você até é o padrinho do filho mais velho dele. Mas pondo isso para trás das costas, acha ou não que ele é o líder natural do Oeste? FBD – Ele é acima de tudo um dos melhores presidentes de Câmara de Portugal. Tem obra para apresentar com excelentes resultados. Começou o seu projecto praticamente do nada e o trabalho está à vista. Não tenho problemas em vaticinar que ele não vai ficar por Óbidos. Agora se é o líder natural do Oeste é mais fácil eu responder que é de certeza uma das melhores cabeças do Oeste, esteja na política ou fora dela e em cargos formais ou não. A qualidade cada vez mais não pode ser menosprezada, escondida e pouco aproveitada. E ele é o exemplo vivo de que no que mexe, as coisas acontecem, fazem-se e com muitos resultados positivos. Penso que ele encarna bem na cultura da decisão de que tanto precisamos. E precisamos para o futuro de mais gente como ele. “A Lagoa de Óbidos não pode esperar mais” JC – Recentemente apresentou mais um requerimento no Parlamento, desta vez sobre a Lagoa de Óbidos. Você tem acompanhado nos últimos 15 anos a problemática da lagoa. O que é que já fez e o que acha que vai acontecer? FBD – Nos últimos 15 anos na minha intervenção autárquica, parlamentar, governativa e até cívica, a Lagoa de Óbidos foi e tem sido um dos assuntos que mais me tem preocupado. Por várias razões. Por entre as quais eu ter a memória de quanto fui feliz durante vários anos ao fazer férias em Óbidos e na Foz do Arelho. E que a Lagoa de Óbidos representa um lugar especial no meu coração. Se o meu avô paterno nasceu em Óbidos, por outro lado grande parte da família da minha mãe é da Foz do Arelho (a minha avó Maria Júlia nasceu lá). A Foz do Arelho é uma das praias de infância dos meus avós maternos, da minha mãe e do meu irmão. Ainda hoje tenho lá família a viver. Ainda tenho recordações e memórias de tios da minha mãe (como o tio Adelino e o tio Raul) ao ir com eles à pesca. É muito preocupante que nos últimos três anos as coisas tenham na prática bloqueado. Nos últimos anos já fiz várias vezes requerimentos, perguntas a governos, já fiz dezenas de visitas à Lagoa, até com colegas de Governo, etc. Já participei inclusive numa reunião de trabalho com o meu colega do PS António Galamba com a Comissão de Acompanhamento da Lagoa, na Foz do Arelho. Nós, em Óbidos, na Assembleia Municipal, já discutimos várias vezes e aprovámos moções a dar nota das nossas preocupações. É que o Governo actual criou muitas expectativas e em três anos nada fez. É urgente que o Primeiro-Ministro decida mudar tudo isto. É que a Lagoa de Óbidos não pode esperar mais. Estou muito preocupado com a sua situação de impasse. JC – Já decidiu o seu voto nas directas do PSD no dia 31 de Maio? FBD – Já. Votarei em Pedro Passos Coelho. Essencialmente porque apesar de não me envergonhar com o passado, estou mais preocupado e mobilizado com o presente e o futuro. Apesar de alguns bons amigos que tenho estarem a apoiar a Dr.ª Manuela Ferreira Leite (como Nuno Morais Sarmento, António Borges e outros), eu vou optar pelo futuro. A vários níveis Pedro Passos Coelho é a melhor alternativa. Jaime Costa

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