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O Cérebro Triuno

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Cérebro e personalidade Embora pareça que a nossa personalidade é um produto puramente intelectual existe uma plataforma orgânica sobre a qual ela se assenta e que reside no cérebro. Quando esta plataforma se desvia do normal surgem vários tipos de distúrbios que são as alterações de personalidade e que serão de maior ou menor grau […]

Cérebro e personalidade Embora pareça que a nossa personalidade é um produto puramente intelectual existe uma plataforma orgânica sobre a qual ela se assenta e que reside no cérebro. Quando esta plataforma se desvia do normal surgem vários tipos de distúrbios que são as alterações de personalidade e que serão de maior ou menor grau conforme a intensidade e a extensão da zona afectada . O nosso cérebro é uma estrutura deveras complexa. Iniciou-se a uns seiscentos milhões de anos sob forma de uma unidade diferenciada, na fase evolutiva do reino animal correspondente aos répteis, e por isso mesmo conhecida como o complexo reptiliano, ao qual competia, e ainda compete, a regulação das actividades básicas para a manutenção do indivíduo e para a proliferação da espécie. Esta unidade diferenciada foi-se desenvolvendo, diria mesmo, foi-se aperfeiçoando ao longo de milhões de anos até se transformar num órgão a que hoje chamamos o cérebro. Embora seja uma estrutura única e contínua, sob o ponto de vista fisiológico, e de acordo com o neuro-cientista Paul Maclean, o cérebro dos modernos mamíferos superiores e em especial o do homem, é na verdade um conjunto de três cérebros – o cérebro triuno – que, iniciando-se como o cérebro reptiliano, motivado pela necessidade de luta pela sobrevivência face ao agreste e hostil meio ambiental em que então se vivia, foi evoluindo graças a sucessivas mutações, por aposição de novas formações na sua parte exterior como que fossem camadas concêntricas de uma cebola, dando origem ao segundo cérebro que começou a surgir há cerca de dez milhões de anos, desde o aparecimento dos primeiros mamíferos, chamando-se por isso mesmo o cérebro mamário ou mamaliano. Com a continuação da evolução mais mutações surgiram e sempre pelo mesmo sistema de aposição de novas camadas, deram origem ao terceiro cérebro conhecido como córtex cerebral, não há muito mais tempo do que o último meio milhão de anos. Este terceiro cérebro continua a evoluir sendo provável e previsível que com o tempo surja o quarto cérebro formando-se assim um conjunto cerebral não triuno mas sim quadriuno. O cérebro inicial ou seja o complexo reptiliano, embora rudimentar, assegurava as funções básicas imprescindíveis para a sobrevivência individual e da espécie, como a respiração, a regulação da temperatura do corpo, a necessidade de fornecimento de energia pela alimentação, a distribuição do sono e da vigília como meio de regular os gastos energéticos, e por fim o controle da sexualidade para a preservação da espécie. Todos os répteis, incluindo os dinossáurios que dominaram a terra por vários milhões de anos, contentavam-se com apenas este tipo de cérebro elementar que foi suficiente para lhes proporcionar uma existência simples, mas que, mesmo assim, se prolongou por um período bastante dilatado. A evolução continuou até o aparecimento dos mamíferos que não contentes com a satisfação de necessidades básicas, reflexas e automáticas, graças a inúmeras mutações por que passaram, desenvolveram um novo cérebro que passou a ser a sede de emoções e sentimentos, cabendo-lhe as funções dependentes de afectividade e do bom ou mau humor e que associado ao desenvolvimento das glândulas endócrinas, suplantou os meros actos automáticos e involuntários que os diferenciaram dos répteis, juntando-lhes o factor emoção. Aos dois cérebros já existentes, novamente graças as sucessivas mutações, desenvolveu-se o terceiro cérebro que suplantaria os outros dois nas suas dimensões pois passou a ter uma percentagem de quase 80% da massa cerebral total e tornou-se a sede da inteligência, da criatividade, da racionalidade e da estética, e ainda do discernimento, ponderação e consciência, tendo assim o papel gerador de pensamentos e ideias ao mesmo tempo que ganhou a missão frenadora dos outros dois cérebros moderando a sua actividade quando ela se tornava excessiva. Na verdade, não existe uma transição brusca entre os diversos cérebros descritos. Na sua periferia eles intricam-se uns nos outros de modo que podemos considerar que há zonas intermediárias comuns aos diversos cérebros onde a sua funcionalidade se mistura. No conjunto a resolução final cabe aos três cérebros mas sempre sob o controle final do córtex pois é ele que tem a capacidade de racionalização e do julgamento, embora cada uma das unidades contribua com maior ou menor percentagem de acordo com a natureza da resposta exigida. Porém, a medida que o reino animal se foi evoluindo houve certa atrofia dos cérebros primitivos aumentando o predomínio do cérebro mais desenvolvido. Assim enquanto nos mamíferos menos desenvolvidos na escala evolutiva ainda predomina o cérebro mamaliano ou límbico como também é chamado, nos mamíferos superiores ou seja nos primatas predomina o córtex, atingindo a percentagem máxima no homo sapiens que adquiriu a capacidade de dominar muitas das reacções do complexo reptiliano ou sejam as reacções instintivas e automáticas, como por exemplo dominar voluntariamente o ritmo da respiração, controlar a necessidade e a periodicidade da alimentação e regular a sexualidade, ou atenuar as respostas do cérebro límbico dominando as emoções e os sentimentos controlando assim a nossa actividade com inteligência e discernimento, embora, por vezes possamos agir sob forte embate emotivo dominados pela angústia, raiva, desespero ou medo. Este conceito de cérebro triuno aproxima-se muito das teorias de Sigmund Freud que por volta dos anos 1900 definia a personalidade como sendo o somatório de três entidades, o Id, o Ego e o Superego, distintas umas das outras mas que interagem para elaborar respostas para os diferentes problemas que surgem no dia a dia. Assim, o Id confunde-se com o complexo reptiliano de Maclean coordenando as actividades automáticas e involuntárias e por isso mesmo pertencente a uma instância primitiva que é o inconsciente. Também a ele cabe a organização da sexualidade e os períodos de cio, ao menos nos animais, fazendo do sexo uma coisa apetecível, agradável e até compulsiva, embora orientada, em última análise, para a preservação e propagação da espécie. Esta necessidade imperiosa e outras como o apetite, o prazer de boa mesa e a fome estão gravadas nas espirais do nosso ADN e dela não podemos fugir, pois ela faz parte do nosso inconsciente A actividade do Ego por sua vez assemelha-se muito ao cérebro mamário filtrando, por assim dizer, as acções do Id, constituindo a segunda instância que é o pré-consciente. Por fim temos o Superego que como no neocortex do Maclean actua como um juiz moderando as exigências quase exclusivamente biológicas e por isso mesmo impulsivas do complexo reptiliano, dando-lhes uma consciência moral, e controla as funções do Ego sujeitando-as a uma moderação compatível com o ambiente social exterior fazendo cumprir as leis estabelecidas obedecendo aos tabus e as proibições extremas. Será a instância superior ou seja a consciência. Quanto mais desenvolvido for o nosso córtex mais possibilidades teremos de dominar os outros dois cérebros aproximando-nos assim da posse do quarto cérebro que de futuro, provavelmente, dominará toda a nossa existência. Os três cérebros descritos, mesmo quando funcionam normalmente, apresentam ligeiras diferenças com discreto predomínio dum ou doutro, ou com controlo menos rigoroso da parte do terceiro cérebro sobre os outros dois, dando origem a diversas tipos de personalidades que os indivíduos apresentam em relação a uns aos outros. Há assim personalidades discordantes e agressivas quando predomina o reptiliano, as personalidades emotivas e sentimentais quando se sobrepõe o límbico, e por fim as personalidades frias, racionais e calculistas quando são dominadas pelo córtex. Porém, quando estas diferenças são exageradas surgem os casos de distúrbios de personalidade que em casos extremos podem levar a verdadeiros estados patológicos que conforme a sua gravidade requerem tratamentos especializados. Os conhecimentos adquiridos através do cérebro triuno não são dados meramente teóricos. Muito pelo contrário têm aplicações práticas quer para o julgamento e compreensão dos comportamentos de indivíduos compreendendo as razões da sua agressividade ou doutros estados emocionais, ou ainda para o estudo das suas depressões provocadas por actuações excessivas do neocortex. Também poderão e deverão ser utilizados na aprendizagem e no ensino, estudando caso a caso os comportamentos dos alunos, tirando ilações para o melhoramento das suas posturas comportamentais e dos graus do seu aproveitamento, e ainda para fomentar as suas criatividades. Agostinho Fernandes Agostinho.lda.3@netvisao.pt http://Agostinhofernandes.blogspot.com

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